Blocos como símbolos da democracia no carnaval de rua em Cuiabá
Por Fátima Lessa
Em uma mistura de cores, risos e de tribos dos mais variados guetos, os blocos Imprensando Bebum e o Divas, Divos e Divinos fazem a festa da democracia, levam a alegria ao centro de Cuiabá, no ultimo dia de folia momesca e conseguem manter vivo o carnaval de rua da cidade.
Uma cidade vazia que foi tomada por gente querendo se divertir. A praça que é do povo foi o cenário perfeito para o ponta pé da retomada da alegria despreocupada sem hora marcada para chegar ou partir, naquela tarde. As ruas foram ocupadas por dezenas de foliões que botaram seus blocos na rua, brincaram pra valer, sem amarras, sem restrições ou competições, brincaram de forma mais livre.
Para o presidente do Sindjor-MT, jornalista Itamar Perenha, foi um desfile em apoio à democracia, “uma festa da resistência”. E além de críticas aos governos estadual, federal e municipal, o Imprensando Bebum trouxe para a arena politica o debate sobre a violência às mulheres: “Jornalismo de resistência diz NÂO à violência contra as mulheres”. E o Divas, Divos e Divinos levou a causa indígena como bandeira.
A festa foi animada e regada ao som da bateria do bloco e Os Melados do bairro de Dom Aquino, e de um trio elétrico.
A parceria do Imprensando Bebum com o bloco Divas, Divos e Divinos, pelo segundo ano, foi destacado pelos foliões ouvidos: “Essas parcerias reforça que juntos fazemos melhor”, observou a jornalista Rosana Vargas; “A pareceria ficou bem legal e divertido”, opinou a jornalista Raffaely Escobar; “Não poderia ter parceria melhor”, disse a jornalista Iviuschi Beloto.
A festa começou às 15 horas na Praça Santos Dumont se estendeu até às 20 horas, na Praça da Mandioca depois de percorrer um dos maiores circuitos carnavalesco na capital em 2019, trecho da Rua Cândido Mariano, das avenidas Marechal Deodoro e Mato Grosso.
Cidadania – Para assegurar que no encerramento do desfile fossem mantidos a alegria e irreverência de sempre e com total segurança, os organizadores do Imprensando Bebum programaram diversas estratégias que mereceram elogios. Dentre elas destaca-se, a disponibilização de banheiros químicos e de sacos para a coleta do lixo produzido pelos brincantes. Vários sacos pretos foram dispostos ao largo da praça e nos carros de som e de bebidas ao longo da trajeto para acondicionamento de latinhas de cervejas e garrafas de água e outros lixos. A praça ficou limpa e o longo do percurso também. “Os jornalistas também deram aulas de cidadania, quando recolheram o “lixo” produzido em eventos como este”, destacou Vargas.
Centenas de pessoas participaram da festa que reuniu públicos de todas as idades. Casais trouxeram seus filhos. Presença marcante foi a de jornalistas. Ao longo do trajeto até mesmo os motoristas que foram surpreendidos com o bloqueio das ruas elogiaram a organização.
Os foliões falaram
Aline Maehler, advogada: “achei incrível vocês manter esta festa cultural, mesmo sem apoio da prefeitura. Estava ótimo carro de som, banheiros químicos, super bem organizado. Precisamos de mais espaços culturais, como este”.
Dulce Regina, assistente social e Mestra: “o desfile foi ótimo, com muita alegria e tranquilidade para brincar e se divertir no carnaval em Cuiabá”.
Vera Araújo, professora e ex-deputada: “Achei legal, gostei do circuito. Precisamos nos mobilizar para fazer ainda melhor em 2020”
Iviusch Beloto, jornalista : “achei tudo perfeito. Parceria com o Divas não podia ser melhor”.
Raffaely Escobar, jornalista: “achei o desfile maravilhoso, descontraído e muito caloroso. A parceria ficou bem legal e divertida. Tudo com muito respeito, alegria e união”.
Priscila Mendes: “eu amei! Amo carnaval de rua e amo reunir amigos no Imprensando Bebum. Mostra a força do carnaval independente e revela nosso centro histórico. Foi lindo parar o trânsito. Fiquei muito emocionada com o tanto de gente que se agregou. Retomamos a tradição. Que venham outros carnavais”.
Rosana Vargas, jornalista e fundadora do bloco em parceria com Maliki Didier (falecido em 1992): “Está de parabéns o Sindicato, que mostra-me em sintonia com os jornalistas, lutando pelos direitos comuns, pela integração da categoria, sem se esquecer do lazer. Agradeço o carinho da diretora do Sindjor, que resgatou a história do Imprensando Bebum. Adorei voltar à avenida com nosso bloco”.
A emoção da fundadora do Imprensando Bebum
A jornalista Rosana Vargas (foto) foi a homenageada este ano pelo bloco Imprensando Bebum. Ela é uma das fundadoras do bloco em 1986, com o Malike Didier (falecido em 1992).
A jornalista contou que o nome do bloco foi escolhido durante uma bela conversa no boteco que existia na sede do Mixto Esporte Clube, que funcionava na Avenida Getulio Vargas hoje sede da CDL.
E mais um ano, a jornalista manteve a tradição dos chapéus com mensagens políticas. Se em 1987 ela usou o chapéu “Somos todos iguais” em 2019 foi a vez do “Não é fake. É fato”.
Ao falar do retorno à rua com o bloco que desceu a avenida em 1987, Rosana ficou emocionada:
“Os jornalistas usaram, mais uma vez, de uma festa popular para se manifestarem e defender o que acreditam ser os anseios da sociedade. Houve respeito nas manifestações de cada um, independentemente do seu posicionamento. Está de parabéns o Sindicato, que mostra-me em sintonia com os jornalistas, lutando pelos direitos comuns, pela integração da categoria, sem se esquecer do lazer. Agradeço o carinho da diretora do Sindjor, que resgatou a história do Imprensando Bebum. Adorei voltar à avenida com nosso bloco”.