TENTATIVA DE HOMICÍDIO PARA CALAR IMPRENSA

Infelizmente, não é a primeira vez que se tenta calar a imprensa pelo emprego da força.

Na quarta-feira, 16 de outubro, Geandré Latorraca, diretor e sócio proprietário do jornal Estadão Mato Grosso, encontrava-se em um restaurante, por volta das dez da manhã, quando 4 bandidos tentaram assassiná-lo e só não chegaram a tanto pela reação do próprio Geandré e dos presentes.

O Estadão Mato Grosso, alguns dias antes, chamava atenção para uma investigação em andamento, que busca identificar disputas milionárias de terras e estranhas decisões judiciais indicando um mecanismo de corrupção entronizado no Poder Judiciário de Mato Grosso, que já registra até afastamento de juiz e desembargadores por venda de sentenças. A matéria, intitulada “Delação a caminho mira mega corretor de fazendas de Lucas do Rio Verde e magistrados”, apontava ainda para o possível envolvimento de um corretor de fazendas no esquema.

Entendimentos divergentes em casos intrincados, ou de jurisprudência não consolidada, podem configurar decisões judiciais, passíveis de contestação, ou, ainda, recursos em sentido contrário, conforme o grau da instância prolatora, na procura pelo bom direito que socorre as partes até o trânsito em julgado. Alguém, por óbvio, obterá uma decisão favorável se, no interregno, não se pacificarem as disputas por ações conciliatórias, cada vez mais comuns e com o objetivo de reduzir a litigiosidade que congestiona o Judiciário.

O problema acontece quando as decisões começam a atalhar as normas e, mais ainda, quando favorecem, sem a motivação devida, algum lado da questão suscitando uma inadequação afinada com interesses financeiros subjacentes. Isso acontece. Já aconteceu. As instituições são conduzidas por seres humanos passíveis de falhas que, algumas vezes, subtraem-se aos mecanismos de contenção.

O Jornal Estadão MT acompanhava e contribuía nas investigações de possíveis vendas de sentença na região de Lucas do Rio Verde, iniciativas que ensejaram a malfadada tentativa de homicídio cujo propósito era o de calar a imprensa evitando a repercussão dos fatos que, agora, devem aflorar com mais contundência.

O assassinato de Sávio Brandão, de triste memória, é um dos que deixaram evidente quanto a imprensa é capaz de incomodar os poderosos que não encontram limites ou escrúpulos.

Este Sindicato, que já acompanhou em tempos mais recentes o assassinato de 2 jornalistas no interior de Mato Grosso e atuou para que os órgãos responsáveis pela segurança pública chegassem aos autores, tem o dever de contribuir no que possível e impulsionar as instituições para que cheguem aos culpados.

Só uma atuação policial repressiva por todos os meios legais será capaz de inibir os “barões do crime” a conterem suas ações e a pagarem pelas infrações cometidas para que, de fato, em Mato Grosso, “bandido não se crie”, como costuma alardear o Governo e aqui não se deseja uma “licença para matar”, mas, para atuar dentro dos ditames.

Que a persecução neste caso, pelos interesses envolvidos, seja exemplar.

E, mais: de Justiça!

Cuiabá, 17 de outubro de 2024.

DIREÇÃO DO SINDJOR MT

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